Buracos negros num coração congestionado.
introduction
Me pego transbordando ideias e sentimentos através das palavras. Meu eu verdadeiro se esconde por trás dessas linhas e eu continuo a escrever com o desejo de me encontrar algum dia. Durante a vida, os caminhos se cruzam. Quem sabe não só eu, como um você pode estar escondido sob as minhas palavras?
Os desafinados também têm um coração.
Esperando o trem que nunca veio.
Me encurto e me desdobro para tentar encaixar na realidade de quem não sonha. Nunca consegui.
Comentários geram sorrisos.
Eu quero ler você também:
O início do romance (Primeira parte)
quarta-feira, 25 de agosto de 2010 @ 11:07
Abrir e fechar os olhos. Nós fazemos isso tantas vezes, tantas milhares de vezes e tão rapidamente em sua maioria, que este ato tornou-se comum. Nós nos acostumamos com o fato de estar abrindo e fechando as pálpebras o dia inteiro, a tarde inteira, as horas passageiras. Como nos acostumamos com a maioria das coisas ao nosso redor, esquecendo do quão magnífica a mais simples e pura ação pode ser.
Eu fecho os meus olhos e permaneço assim. Tudo começa a ficar cada vez mais escuro, mais e mais escuro, até que o tudo que anteriormente estava na minha frente, na minha realidade, se transforma em nada. Pura memória. O nada surge do tudo. O nada é um tudo que morre de desamor, desmemória, desafeto. E desacostumado desaparece.
Meus olhos já não enxergam o que é, o que está. Eles enxergam o que sentem, o que desejam, o que decidem. O palco diante de mim é vazio, desconhecido. É o começo de qualquer coisa que eu ainda não escolhi; é o fim de tudo que eu sempre tive, sem escolher: só me pertenceu. Eu tenho tanta liberdade que meu corpo estremece. O obscuro começa a tomar formas e o que eu sinto é jogado pelo palco da minha mente, nu e só.
Solenemente só e nu em seu medo imaginário: tão meu que já era bagagem obrigatória (ao lado dos tênis surrados, da melancolia desgastada e da intensamente triste admiração). O indesejado também vem e ocupa o espaço da minha segurança, deixando o ar pesado, a garganta fechada e o coração lotado daquilo que não era dele e nem meu. Daquilo que não pertencia a ninguém, realmente, mas permanecia em todos: o romance.