Comentários geram sorrisos.
Raio-x emocional
sexta-feira, 11 de março de 2011 @ 18:29
Eu tenho um monstro dentro de mim. É a única explicação plausível para tudo que anda me acontecendo, para tudo que anda passando pela minha cabeça – esse monstro é faminto, sempre faminto, nunca satisfeito, e ele ingere toda minha energia, tudo de bom que eu penso é jogado imediatamente na boca desse monstro. Ele mastiga, mastiga, mastiga e nem pó sobra. Meus olhos lacrimejam no meio do processo e os pêlos do meu braço se arrepiam.
Fecho os olhos. Mais que isso: aperto-os forte, como se estivesse apagando tudo que, anteriormente, foi pensado.
Eu tenho um buraco negro dentro de mim. É a única explicação razoável para tudo que se perde todos os dias, todos os instantes, para toda a energia que vejo nascer, mas nunca vejo se pôr – esse buraco negro é fortíssimo, fazendo com que momentos luminosos pisquem e apaguem - como luzes defeituosas de natal – para nunca mais acenderem. Perdeu-se, foi-se e não poderá ser recuperado. Meu estômago fica apertado por horas e horas enquanto o buraco negro continua expandindo, e expandindo e indo...
Permaneço de olhos fechados, mas agora seguro e aperto minha própria mão, como se pudesse impedir algo bom de ir embora. “Fica”, eu sussurro.
Eu tenho bexigas dentro de mim. Milhares delas. É a única explicação compreensível para poder justificar tamanho nó na garganta – as bexigas não deixam nada descer, fica tudo preso, tudo entalado. Tem um trânsito gigantesco que nunca se movimenta, nunca muda, tudo porque as bexigas não abrem caminho. Sinto-me estufada. Cheia. Enquanto isso, nada consegue passar por mim. Não engulo nada, não sinto fome. Não quero conversar. Não quero abrir a boca.
Já nem sinto que estou de olhos fechados, parece que nasci daquele jeito.
Eu tenho Amor dentro de mim. É a única explicação absoluta para tudo que me vem abalando, por todas as transformações que ocorreram, por toda a esperança esmagadora que me deixa acordada durante a madrugada e desacordada durante o dia. Esse Amor não me deixa desistir, não me deixa ir embora, não me deixa escolher o desapego. Esse Amor me permite muito. Permite-me enxergar um mundo de cegos, guiados pela maior força, pela maior dor, pela maior alegria, pela maior satisfação. Tudo se soma e se subtrai dentro de mim para gerar amor, amor que direciono a uma só pessoa.
Eu estou ficando louca. Louca. E, segundo ele, ‘’algo deve faltar’’. Mas não... Nada falta e tudo transborda.